Custo iPhone

O iPhone 7 acaba de ser lançado no Brasil. O preço sugerido é de R$ 3.500,00 ou aproximadamente €950 ou US$ 1.030. Para fins de comparação, vou usar somente o Euro neste texto.

Falando em salário mínimo, o salário mínimo americano é de €1.200, o alemão é de €1.500, o espanhol é de €800 e o brasileiro é de €240.

Voltando ao iPhone, ele custa a partir de €600 nos Estados Unidos, €750 na Alemanha, €769 na Espanha e €950 no Brasil.

Com esses dados é possível mostrar a diferença de poder aquisitivo entre casa país. Nos EUA e na Alemanha, o iPhone custa 1/2 salário mínimo. Na Espanha, ele custa quase um salário mínimo. E no Brasil, o mesmo telefone custa 4 salários mínimos.

Vale dizer que o salário mínimo alemão após todos os descontos fica em €1.120, enquanto o salário mínimo espanhol líquido é de €752. Este salário inclui saúde, educação, segurança e bem-estar. Para ter acesso ao transporte, o alemão paga €60/mês e o espanhol €52/mês. Sobra então €1.060 para o alemão e €700 para o espanhol. Com esse dinheiro, o espanhol tem que pagar a prestação do apartamento (o aluguel não é popular por aqui) e comer. O alemão tem que pagar o aluguel e comer.

Para sanar a diferença de renda entre espanhol e alemão, só resta uma solução: o endividamento. Enquanto o alemão só trabalha com dinheiro vivo e 90% do comércio sequer aceitar cartão de crédito, na Espanha se financia tudo em infinitas vezes.

E é isso que faz o espanhol fazer um cartão Visa Fnac e parcelar o iPhone em 10 vezes sem juros ou financiar o telefone em 24 vezes diretamente no site da Apple Espanha.


O iPhone 7 sai por 24 prestações de €34,03 no site da Apple. O valor total é de €816,68.

E esse é o mesmo tipo de endividamento que o brasileiro recorre para realizar seus sonhos de consumo. Com uma grande diferença: os juros no Brasil são muito mais altos. E o motivo é óbvio, o brasileiro ganha 4 vezes menos que o espanhol e precisa de muito mais financiamento para viver.

Temos países como a Noruega, com programas de empréstimo em que o governo paga até 40% do financiamento para o cidadão. Países como a Alemanha, que tem juro real zero ao consumidor, a Espanha que tem juros altos para os padrões europeus e temos o Brasil.

No Brasil, um iPhone custa 4 salários mínimos e os juros do cheque especial chegam facilmente aos 300% ao ano.

Fica bem claro que o Brasil precisa continuar apostando no ganho real do salário mínimo. Apesar do impacto negativo na inflação e no poder aquisitivo da população, é um passo necessário pra reduzir a desigualdade no país.

O acesso a educação deve ser garantido pelo governo com escolas públicas e bolsas em escolas e faculdades particulares. A saúde também deve ser oferecida em um modelo como seria a segunda fase do Obamacare, onde o cidadão pode escolher um plano de saúde ou a saúde pública paga, todos utilizando a mesma rede com níveis de cobertura diferentes.
O transporte é outro ponto crítico no Brasil. O Rio de Janeiro possui apenas 47% de cobertura de transporte público. Barcelona, por exemplo, possui 99% de cobertura. É necessário encarecer o uso do automóvel em centros urbanos. Investir pesadamente em infraestrutra sob trilhos. O ônibus não é transporte de massa e serve apenas para pequenos deslocamentos.

Por último e mais importante, o Brasil precisa investir em políticas públicas de segurança. O Estado deve entrar novamente nas favelas tomadas pelo tráfico de drogas, urbanizar e desenvolver ações sociais. Não basta colocar a policia somente. Em paralelo, descriminalizar o uso de drogas e legalizar a maconha. É necessário legalizar o aborto e criar programa de planejamento familiar com distribuição de contraceptivos.

O Brasil tem mais mortes violentas do que a guerra da Síria. Para o brasileiro contra a entrada de refugiados, lembre-se que o próximo refugiado pode ser você.

Diminuir a desigualdade com a expansão de programas de distribuição de renda, aumentar o salário mínimo, garantir acesso à saúde e educação, investir em infraestrutura de transporte público, discriminalizar as drogas e legalizar o aborto. Esse é um bom início.

Uma última observação: a corrupção. Ela é grande no mundo todo. Os políticos e empresários brasileiros não são especialmente corruptos. Os europeus são muito mais corruptos que os brasileiros.  O problema está na luta pelo poder e não pelo dinheiro. O Brasil precisa fazer uma reforma política para que o cenário seja mais estável e para que haja uma saudável alternância no poder. O país regrediu muito no último ano com o processo de impeachment. O Brasil é um dos piores países do mundo e boa parte disso se deve à visão simplista de que o PT é o mal e o Bolsonaro é o mito. A Petrobras já era roubada em 1980 pelos generais, em 1997 no governo FHC e em 2003 no governo Lula. Não adianta falar que a corrupção é maior hoje. Ela simplesmente evoluiu, como aconteceria naturalmente ao longo do tempo e independente do governo. O Brasil precisa fazer as reformas tributária, política e da previdência rapidamente para voltar a andar.

Mas tudo isso vai demorar muito para acontecer, infelizmente.

Temperatura

Olhar a temperatura faz parte da minha rotina antes de sair de casa. Desta forma, consigo escolher a roupa mais adequada para o clima e evito ser pego de surpresa.

O clima de Barcelona é muito ameno a maior parte do tempo. O verão teve a máxima de 33 graus e o inverno deve a ter a mínima de 6 graus.

O inverno já chegou na Alemanha. Em Berlim já nevou um pouco e em Paris todo mundo tem que se agasalhar bem antes de sair de casa.

Para os turistas que não fazem questão de ir à praia, acredito que novembro seja o melhor mês para visitar Barcelona. Os lugares estão mais vazios, é possível andar na rua bem vestido sem suar e o clima é mais propício para comer e beber bem.

Aqui em Barcelona, a nossa casa tem climatização central. Posso regular a temperatura para 23 graus na casa toda. O sistema central tem saídas em todos os cômodos, incluindo o banheiro. Todas as torneiras tem água quente também. Dentro de casa não sentimos nenhum tipo de desconforto causado pelo inverno ou pelo verão.

Quando a noite chega, é só fazer um bom chá e assistir Netflix!

El Gordo


Hoje joguei na Loteria Nacional no sorteio de Navidad. São 2,24 bilhões de euros em prêmios em um único sorteio. O prêmio principal, o El Gordo, é de 4 milhões de euros para um bilhete simples em uma série.

Cada bilhete custa €200 e pode ser comprado em décimos. Cada décimo concorre a um prêmio de 400 mil euros. A chance de ganhar o prêmio é de 1 em 99.999. Mas outras combinações de números também são premiadas e a chance de ver o dinheiro do bilhete de volta é de 1 em 10.

Para quem gosta de jogar mais alto, é possível comprar um bilhete único de todas as séries (195 no total) por €39.000. Caso seja sorteado, o prêmio para este bilhete é de 780 milhões de euros.

A sorte está lançada!

Ribs Steakhouse

Hoje fomos jantar no Ribs Steakhouse. Um restaurante de comida americana no estilo do Outback.

Fiz meu cartão de sócio e já acumulei 7.69 pontos, o equivalente a €7,69 em desconto na minha próxima visita.

Comemos umas costelinhas de porco no molho “Hot Budweiser” – feito na cerveja com pimenta. Estava muito saboroso!

O melhor é que o restaurante fica aqui perto de casa, perfeito para um happy hour durante a semana.

Fim de tarde

A Praça de Catalunha vista de um ângulo inusitado, com os raios do sol batendo na água do chafariz no fim da tarde.

Tirei essa foto com o meu celular enquanto caminhava pela rua. É impressionante como a câmera do iPhone consegue captar imagens com alta qualidade.

O céu azul de Barcelona também facilita o trabalho de conseguir um bom resultado. Apesar das temperaturas por volta de 16 graus, o sol continua aparecendo e o céu tem estado azul e sem nenhuma nuvem.

Passeio da tarde

Hoje à tarde fui passear pela cidade. Desci na estação da Diagonal e fui andando até o Arco do Triunfo (na foto). De lá fui conhecer o El Born, uma região com muitas igrejas, museus, cafés e lojas locais.

Terminei o passeio na Praça de Catalunha, totalizando 8,2 km de caminhada em 2:07h.

All-in

O Welfare state é um conceito de governo em que o Estado tem um papel central no bem-estar da população. O maior Welfare state do mundo atualmente é a Alemanha.

Os Estados Unidos nos últimos 8 anos caminharam na direção do Welfare state. Na prática, o governo estava tomando mais responsabilidade do indivíduo (Obamacare), administrando o seu dinheiro (impostos mais altos) e incluindo as minorias na sociedade.

Para que o Welfare state funcione, como funciona na Alemanha, Holanda, Noruega e Dinamarca, o processo é lento e doloroso. Um monte de gente que trabalhou duro a vida inteira para alcançar o seu lugar tem que ceder a vez e deixar um monte de recém-chegados sentar lado a lado à mesa.

No início, tudo é muito tranquilo para os dois lados. Os que já estavam na mesa não se  importam de dividir com os recém-chegados a comida que estava sobrando. O problema começa quando chega a sobremesa e os recém-chegados comem a maior parte do bolo. E, por fim, a paz acaba quando a conta chega e os velhos trabalhadores tem que pagar a conta praticamente sozinhos.

É difícil defender o Welfare state para qualquer pessoa que trabalhe duro para colocar comida na mesa. E também é difícil vender a ideia para quem está chegando na mesa agora. E isso se deve ao fato de que medimos nosso sucesso em relação ao fracasso do próximo e vice-versa. Para quem estava por cima, o sucesso parece bem menor (ou até mesmo um fracasso) quando o perdedor senta à mesma mesa. Por outro lado, o recém-chegado não consegue alcançar o mesmo lugar e também sente seu sucesso diminuído ou anulado.

Resumindo, existe um estágio no Welfare state em que fica ruim para todo mundo. E a democracia não perdoa isso. O povo americano votou contra este modelo de Estado. E um dos motivos para esta derrota do Partido Democrata veio da velocidade (ou a falta dela) em implementar as mudanças necessárias para o Welfare state. O Presidente Obama não conseguiu apoio do Congresso para passar as leis necessárias para o seu projeto e também não teve a ousadia necessária para defender abertamente a sua visão.

As primárias americanas ofereceram um candidato disposto a defender abertamente o Welfare state, Bernie Sanders. E ele conseguiu um tremendo apoio dos jovens com alto nível de educação. Isto porque os jovens estão dispostos a sentar à mesa já sabendo que irão pagar a conta. Mas é perfeitamente aceitável entender porque os mais velhos não gostaram da ideia. Afinal de contas, ninguém gosta quando as regras mudam no meio do jogo. Para quem trabalhou a vida inteira na regra antiga não é justo este novo arranjo.

Trump traçou um estratégia clara contra os recém-chegados. Primeiramente, propondo um muro para que mais imigrantes não chegassem pela fronteira do sul. Prometendo bloquear a entrada de refugiados sírios. Mas o mais importante, um candidato que se posicionou contra os direitos das mulheres e LGBTQ. Na economia, Trump prometeu mais barreiras e protecionismo nas relações com outros países, gritando e insultando tudo e todos.

Comparar a eleição de Trump ao Brexit é desproporcional. O Reino Unido não renegou o projeto da União Europeia, mas simplesmente se rebelou contra a autoridade do governo de Bruxelas. A eleição de Trump apaga completamente o legado de Barack Obama. São 8 anos de história jogados no lixo. E isso não se compara ao que está sendo proposto pelo Reino Unido, muito pelo contrário.

O fato é que os Estados Unidos estão em um estágio muto diferente da Europa. A população europeia é mais velha do que a americana,  o que torna o velho continente mais dependente da mão-de-obra de imigrantes. A economia europeia não pode se dar ao luxo de incentivar o consumo desenfreado porque simplesmente não há recursos ou território para produzir mais.

Talvez Trump esteja certo e que seja possível que o país se feche e olhe para o próprio umbigo durante os próximos 8 anos. Pode ser que os EUA ainda possam crescer um pouco mais antes de se acomodar no seu tamanho final. O país pode crescer nos proximos anos com essa fórmula, mas não sem aumentar a desigualdade. As minorias terão que esperar até que o gigante dê seu último salto. Um salto em direção à consagração ou em direção ao abismo. Uma estratégia bem adequada a um showman e dono de cassinos. É o que os jogadores de pôquer chamam de All-in.

Homeland 5ª Temporada

Finalmente cheguei na 5ª temporada de Homeland. A série de espionagem tem Berlim como cenário nesta temporada.

A série conseguiu capturar muito bem o clima da cidade e suas paisagens clássicas. Logo na entrada de cada capítulo, um close no S-bahn e na Hauptbanhof. A Coluna da Vitória e o Portão de Brandeburgo também aparecem ao fundo em algumas cenas. Um detalhe interessante são os apartamentos com portas grandes, tetos altos e piso de madeira.

Berlim é mais um motivo para não perder um episódio das aventuras de Carrie Mathison. A série está disponível no Netflix.

Sanduba

Rolou um sanduba especial aqui em casa ontem. A receita é bem simples:

Um hambúrguer de 220g, alface, tomate, queijo cheddar maturado, molho especial (ajonesa*, mostarda dijon e ketchup), cebola caramelizada em um pão com gergelim.

* Ajonesa é um molho de maionese com alho normalmente servido com as batatas bravas.