Quem viaja muito coleciona histórias para contar. Depois de alguns anos, as que ficam na memória são as situações peculiares que passamos longe de casa.
Quando se está o tempo todo na estrada, os hotéis se transformam em uma segunda casa. Quando entro em um quarto de hotel pela primeira vez, testo tudo e leio tudo que está escrito. E isso já me colocou em situações curiosas.
Em Osaka, chegamos tarde da noite e fomos até um hotel de uma rede japonesa. O quarto apertado parecia uma caixa e o banheiro, logicamente, tinha aquela privada típica com um milhão de botões. A TV não queria funcionar de jeito nenhum. Depois de muito tentar, liguei pra recepção e depois de alguns minutos chegou um funcionário. Ele reconectou um fio de antena que estava no chão atrás do móvel e a TV voltou a funcionar. Depois de 5 minutos zapeando pelos canais descobri que todos os 50 canais da TV estavam em japonês. Resumindo, tinha perdido uma hora de sono para resolver o problema e só então descobri que a TV não servia para nada.
Na Tailândia passei por uma situação delicada no hotel. Entrei no quarto, testei tudo e fui ler a documentação do minibar. Dizia que o quarto tinha os itens listados e que seriam cobrados os itens faltantes. Como não encontrei alguns dos produtos da lista, resolvi ligar na recepção.
– Boa noite, estão faltando alguns itens da lista no meu quarto. Falta um bálsamo de tigre e uma camisinha.
– O senhor gostaria que levássemos até o seu quarto agora?
– Não, não. Eu não preciso dos itens. Eu só não quero ser cobrado por eles depois.
Quando desliguei o telefone, a Sarah estava chorando de rir do outro lado do quarto com aquele conversa surreal. Imagine o que passou pela cabeça do recepcionista do hotel. O casal faz check-in, entra no quarto e já pede camisinha e bálsamo de tigre. E o pior, você sabe o que é o tal bálsamo de tigre? É Gelol! É isso mesmo, o cara deve ter imaginado que eu ia jogar a mulher na parede e já ia passar Gelol em seguida.
Viajar é isso. Colecionar histórias bobas, mas que no final são as experiências que guardamos na vida.