Novo ciclo

Em 2006, ao tentar renovar nossa matrícula no curso de francês, decidimos que Florianópolis não era mais o lugar que deveríamos estar. Vendemos o apartamento na primeira visita (que demorou um mês para acontecer) e nos mudamos para Curitiba. Compramos uma casa na cidade, reformamos ela e fomos embora. Fomos aceitos para fazer um mestrado na França e ganhamos um curso intensivo gratuito de francês. Chegamos em Grenoble e, depois de passar um mês estudando, chegamos à conclusão que não queríamos ficar lá. Pegamos o restinho de dinheiro que tínhamos e resolvemos fazer um mochilão pela Europa. Voltamos para o Brasil e 6 meses depois a Sarah começou a trabalhar. Eu comecei a estudar e 3 meses depois entrei na Dataprom como estagiário.

Fast-forward para 2013. Acordei um dia e me dei conta que não estava feliz com a minha situação financeira. Depois de 6 anos trabalhando, tínhamos dois carros financiados e uns 3 meses de reserva financeira. Mudei radicalmente nosso controle de gastos e passei a catalogar cuidadosamente todas as nossas despesas, criando prazos para quitar os carros e aumentar nossas reservas. Nesse período, não deixamos de viajar ao exterior ou trocar de carro, apenas não aumentamos nossas despesas de forma descontrolada. Olhando para trás, este controle permitiu que pudéssemos tomar as rédeas das nossas vidas dois anos depois.

Em março de 2015, tínhamos chegado ao nosso limite. A violência em Curitiba aumentava diariamente, não estávamos satisfeitos com nossas carreiras e a situação política e econômica no Brasil piorava rapidamente. Sentamos à mesa de jantar com papéis, caneta e computadores e resolvemos traçar nosso destino. Ali surgiram meia dúzia de possibilidades, uma opção para ficar no Brasil e cinco outras para ir embora. Resolvemos apostar nas 6 opções. A que acontecesse primeiro seria escolhida.

Foi em Machu Picchu que batemos o martelo sobre o nossa saída de Curitiba. Decidimos pedir demissão dos nossos empregos e nos dedicarmos ao próximo capítulo, ainda desconhecido, das nossas vidas. Naquele período, estávamos girando no ar vários pratinhos ao mesmo tempo. Meu trabalho exigia viagens constantes e a obrigação de entregar dezenas de milhões de reais em vendas por ano. Minha saúde obrigava-me a lembrar da brevidade da vida diariamente. Paralelamente estava participando de um processo seletivo para trabalhar em uma área completamente diferente. Entre viagens, entrevistas e consultas médicas, recebemos a carta da Alemanha.

A partir do recebimento da carta de aceitação da Sarah para fazer o mestrado em Berlim, tivemos 4 semanas para organizar a mudança para a Alemanha. Neste curto espaço de tempo conseguimos vender tudo que não poderia ir conosco, armazenar o que gostaríamos de levar em um segundo momento e viabilizar a locação da nossa casa e toda a burocracia e documentação necessária para ir embora do Brasil. Um verdadeiro recorde!

Chegamos na Alemanha no dia 1º de setembro de 2015. Nossas malas com toda nossa mudança foram extraviadas e tínhamos apenas a roupa do corpo. Ficamos em um Airbnb nos primeiros 10 dias e depois mudamos para outro por mais 20 dias até conseguirmos um apartamento definitivo. Foi só dia 21 de dezembro que eu consegui meu visto de residência temporária com direito a trabalhar. Foi só em dezembro também que conseguimos todos os documentos necessários para dar entrada na cidadania italiana da Sarah.

Em março de 2016, eu estava trabalhando na Arvato e a Sarah finalmente recebeu sua certidão de nascimento italiana. Ela começou a procurar emprego em abril e, depois de 3 meses mandando currículo, ela recebeu propostas de 4 empresas. Uma em cada país da Europa: Alemanha, Inglaterra, Holanda e Espanha.

Mudamos para Barcelona em agosto de 2016. Tudo novo de novo. A cabeça que estava começando a entender a mentalidade alemã e seu complicadíssimo idioma, teve que girar 180° para entender o jeito catalão de viver. Em pouco mais de um ano morando aqui, visitamos uma dúzia de países diferentes, incluindo duas idas ao Brasil, uma viagem aos EUA e visitas a Israel, Marrocos, França, Inglaterra, Gales, Itália, Alemanha, Holanda, Grécia e Suécia. Foram inúmeras experiências únicas nesses dois anos fora da Brasil. Tive a oportunidade de conhecer Liverpool, a cidade onde os Beatles nasceram e pouco tempo depois pude conhecer a cidade de Belém, onde Jesus nasceu.

Estudei alemão em Berlim e depois estudei espanhol em Barcelona. Trabalhei na Arvato na Alemanha e tive a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas. Barcelona me trouxe a vida mediterrânea e a experiência de viver no sul da Europa. Este ano tivemos ainda a oportunidade de receber a visita das nossas mães e viajar com elas.

Há muito tempo cheguei à conclusão que a vida é muito curta para se viver uma vida só. E desde então resolvi viver todas as vidas que eu puder. Nada definitivo, nada para sempre. Iremos continuar voando como uma folha ao vento que já sem uma árvore para chamar de sua, olha de cima a floresta e percebe que tudo é temporário e ao mesmo tempo cíclico como as estações.

Comecei hoje um novo ciclo na experiência de morar no exterior. Estou trabalhando na Ricoh como Customer Service Representative (atendimento ao cliente corporativo) para o mercado ibérico. Isto significa que terei contato diariamente com a língua espanhola a partir de agora, falando com portugueses e espanhóis de segunda à sexta. Poderei conhecer também melhor a cultura e os hábitos locais e ter a experiência completa (morar, estudar e trabalhar) de viver na Espanha.

A Ricoh é uma empresa japonesa que fabrica produtos eletrônicos, principalmente equipamentos de escritório como impressoras, fotocopiadoras, máquinas de fax e software de gestão documental e gestão de custos. Na verdade, ela é a maior fabricante de fotocopiadoras do mundo.

Em meados dos anos 1980, começo dos anos 1990, a Ricoh foi o principal fabricante de fotocopiadoras para a Pitney Bowes. Também fornecia fotocopiadoras para Toshiba, máquinas de fax para AT&T e Omnifax e diversos equipamentos para outras empresas incluindo duplicadoras para AB Dick.

Em 2004, a Ricoh comprou o sector de soluções de impressão da Hitachi criando uma nova empresa chamada Ricoh Printing Systems, Ltd.

No dia 25 de Janeiro de 2007, a Ricoh anunciou a aquisição da divisão de impressoras da IBM por $725 milhões de dólares.

Hoje, a Ricoh está presente de forma direta ou indireta em 200 países, fatura 20 bilhões de dólares por ano e conta com 109.000 funcionários pelo mundo. E agora eu sou um deles!

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